O amor não pode ser arrancado assim feito parto prematuro, feito vendaval.
Há que se ter tempo de digerir a angústia, de cultivar o desapego.
Há que se ter tempo de transformar o amor em amizade.
De outra forma, o amor é ilusão e nunca aconteceu e a dor é expectativa frustrada.
A pior das aflições é não entender o que acontece no coração do objeto do nosso amor. Compreender e sentir com o coração do outro tornaria as coisas mais fáceis? Talvez sim, talvez não. Um amor pode ter começo, meio e fim, mas também pode acabar antes mesmo de começar, efetivamente. Se ele nasceu de sonhos, os sonhos são nossos e de mais ninguém. Se ele morreu, o problema é nosso também, o outro não tem culpa.
Será?
O pior pecado é dizer "eu te amo" sem convicção, porque é fácil agradar alguém desta forma e todo mundo gosta de ouvir.
Uma frase assim pronunciada no momento certo da carência pode provocar estragos e grandes decepções futuras, para ambas as partes.
Quando isso acontece, se não tem jeito, é hora de fazer uma faxina na alma e purificar o coração de todas as mágoas. É um processo difícil porém necessário.
O amor dói sim quando é vivido intensamente só por um dos envolvidos, nunca pode dar certo. E dói tanto quando acaba que é como uma pequena morte.
Há que se ter capacidade de renascer sempre que preciso, sempre que morremos um pouco por causa de alguém. Lágrimas de cansaço e desilusão são inevitáveis, mas não devem ser reprimidas.
Há que se ter paciência para digerir o amor, tanto quanto a dor.
É preciso tempo.
Depois tudo é transformado em lembranças, em lições de vida.
(Dulce Miller - 17/12/2008)
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